Embora por aqui, os hospitais e clínicas de transição ainda estejam passando por uma fase de consolidação e até mesmo de aceitação por parte de uma parcela grande dos seus stakeholders, em hipótese alguma estamos falando de um modelo novo ou não comprovado.
Esse importante elo do sistema de saúde, que desempenha um papel específico e muito bem definido na jornada do paciente (link para o texto em construção), tem crescido e, principalmente, demonstrado impactos para todos os envolvidos (link para texto de benefícios) ao redor do mundo.
O conceito brasileiro de hospitais de transição foi inspirado nos diferentes modelos implementados ao redor do mundo. O fato de cada instituição no país buscar uma realidade, estudá-la, encontrar sinergias em exemplos de outros países e adequar a situação local talvez seja uma das maiores peculiaridades do que tem sido construído no Brasil.
Mas quais sistemas de saúde estão mais maduros quando o assunto são hospitais e clínicas de transição? Conheça um pouco mais das estruturas em outros países.
Modelo Português
Um dos exemplos inspiradores para o nosso modelo de cuidados de transição é o criado, em 2006, em Portugal. Instituída pelo Decreto-Lei N.º 101/2006, a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados resulta de uma parceria entre o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e o Ministério da Saúde.
Portugal possui 10 milhões de habitantes. Deste total, 75% são atendidos pela Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI), que tem como objetivos a prestação de cuidados de saúde e o apoio social de forma contínua e integrada às pessoas que, independentemente da idade, encontram-se em situação de dependência.
Os Cuidados Continuados Integrados estão centrados na recuperação global da pessoa, promovendo a sua autonomia e melhorando a sua funcionalidade e qualidade de vida. Eles compreendem: a reabilitação, a readaptação e a reintegração social; a provisão e manutenção de conforto e qualidade de vida, mesmo em situações irrecuperáveis.
São 6.642 leitos em todo o país entre unidades de convalescença (permanência até 30 dias), de média permanência – reabilitação (30 a 90 dias); longa permanência – manutenção (90 dias) e de cuidados paliativos.
O propósito do modelo é atuar na saúde de pessoas com perda de autonomia, prevenindo agravamento, reabilitando e cuidando. Entre os propósitos está o envolvimento dos cuidadores nesse tratamento, inclusive por meio de atividades educacionais.
Modelo Americano
As mais de 16 mil unidades de transição dos Estados Unidos tratam mais de 2 milhões de beneficiários, correspondendo a 13% das mais de 15 milhões de internações realizadas por ano através do Medicare, sistema de seguros de saúde gerido pelo governo dos Estados Unidos da América. Ao todo são cerca de 48 milhões de usuários.
O Medicare é destinado às pessoas de idade igual ou maior que 65 anos ou que preencham alguns critérios de rendimentos específicos. Além disso, o sistema também beneficia pessoas de menos de 65 anos portadoras de alguma deficiência ou que estiverem com doenças renais graves.
Essas unidades de transição são divididas em hospitais de longa permanência para cuidados agudos, instalações para pacientes internados em reabilitação e instalações especializadas em enfermagem.
Os dados são do relatório “Maximizing the Value of Post-acute Care”, publicado pela AHA (American Hospital Association), em 2010.
Modelo do Reino Unido
O Sistema de Saúde na Inglaterra (NHS) é referência mundial e oferece um ótimo atendimento aos seus mais de 55 milhões de usuários. Desse montante, 33% são pessoas acima de 65 anos.
Segundo dados do “NHS hospital bed numbers: past, present, future”, de 2017, em 2015, existiam no país 14.300 leitos de unidades de transição ou intermediárias – conforme chamadas por lá (10% dos leitos agudos), tendo um déficit calculado de 50%, com tempo de espera prolongado. Merece ressaltar que o Reino Unido tem um total de 142 mil leitos hospitalares em seu sistema de saúde.
Modelo Canadense
O Sistema de Saúde Pública do Canadá atende a mais de 35 milhões de usuários. São mais de 2,4 milhões de admissões por ano e 73 mil pacientes que necessitam de cuidados pós-agudos, representando 3% dos pacientes hospitalizados.
Deste total, 49% são encaminhados para hospitais de cuidados continuados ou de reabilitação. Ao todo são 114 hospitais de cuidados continuados e 94 de reabilitação no país.
Modelo Australiano
O Sistema Misto de saúde da Austrália tem 23 milhões de usuários. 4,5% de todas as internações no país e 16% de todas as diárias hospitalares são para cuidados sub agudos e não agudos.
O país conta com 171 hospitais voltados a programas de reabilitação e 108 hospitais para cuidados paliativos. O Transition Care Program foi introduzido em 2005 e, em 2009, já existiam 79 unidades de TCP com 2.228 leitos.
Modelo Alemão
A Alemanha e seu sistema de saúde possuía mais de 670 mil beneficiários de cuidados continuados, em 2007, 6% em instituições de cuidados complexos (Institutional Care III), correspondendo a 40 mil pessoas.