Hospitais e clínicas de transição começam a conquistar espaço no Brasil

Benefícios têm sido percebidos não só em âmbito governamental mas também pelas instituições de saúde de alta complexidade. Para a Beneficência Portuguesa de São Paulo, por exemplo, a perfilização e personalização de cuidado, colocando como prioritária a experiência do paciente e da família, emergem como grandes diferenciais, colocando o paciente certo, no lugar correto, no momento certo

Os hospitais e clínicas de transição são componentes importantes do sistema de saúde, desempenhando um papel importante na desospitalização, fornecendo cuidados contínuos e monitoramento de pacientes após a alta hospitalar, reduzindo o tempo de permanência no hospital e prevenindo readmissões hospitalares desnecessárias. Eles são essenciais para ajudar os pacientes a se recuperarem completamente de uma doença ou lesão e a fazer a transição para um ambiente de cuidados menos intensivo com segurança e eficácia.

O modelo de hospitais de transição no Brasil ainda é relativamente novo e está em fase de desenvolvimento. No entanto, existem algumas iniciativas em andamento que visam fomentar o seu desenvolvimento.  Inclusive, o  objetivo da Associação Brasileira de Hospitais e Clínicas de Transição (ABRAHCT)  é ampliar a visibilidade e evidenciar os benefícios dos hospitais de transição tanto para os pacientes como para garantir a sustentabilidade do ecossistema.

Segundo Frederico Berardo, presidente da ABRAHCT, hoje, a principal barreira para o crescimento do mercado é o desconhecimento da comunidade e do próprio sistema de saúde sobre o papel que essas instituições desempenham. No entanto, independentemente da sua função, os ganhos proporcionados por um hospital de transição impactam tanto os pacientes quanto o sistema de saúde. Ele ajuda a tratar os pacientes com toda a qualidade e com todos os recursos necessários, evitando que se mantenham internados em um hospital de alta complexidade, sem real necessidade.

“Quando o assunto é saúde, o Brasil enfrenta muitos desafios para garantir, ao mesmo tempo, equidade de acesso, qualidade, equilíbrio de custos e menos desperdício de recursos. Aliás, poucas indústrias têm tanto desperdício quanto a saúde. Os hospitais de transição emergem como uma excelente opção nesse sentido, ocupando um espaço importante na plataforma de serviços de saúde”, ressalta. 

Atualmente, o Ministério da Saúde brasileiro reconhece a importância dos hospitais de transição e está investindo em programas para expandir o número de hospitais de transição em todo o país. Além disso, algumas cidades brasileiras já possuem instituições de alta complexidade apoiando as iniciativas e enxergando os benefícios e a alta qualidade dos serviços prestados, na prática. 

A BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo é uma delas. Como um hub de saúde, sua visão de futuro da BP está relacionada com saúde plena e bem-estar para todos. Desta forma, desenvolve iniciativas pautadas em promover e oferecer serviços multidisciplinares com foco nos 4Ps: prevenção, predição, participação e personalização. São mais de 160 anos inovando  para alcançar o cuidado integral de excelência nas diferentes etapas da vida.

Segundo Juliana Correia, Gerência de Práticas Médicas – NAPA da BP, na pandemia da COVID-19 ficou evidente o benefício de reabilitação precoce e personalizada em pacientes acometidos pelo vírus. Observou-se um declínio funcional de forma acentuada nos pacientes jovens e nos que já possuíam uma morbidade mais crônica e os hospitais e clínicas de transição foram percebidos como locais preparados para darem continuidade ao cuidado, devido à assistência ofertada.

“O advento dos hospitais e clínicas de transição chegou em um momento do início do declínio da cultura hospitalocêntrica. Essas modalidades intermediárias trazem consigo um alento em relação a alguns itens, como a transição de cuidados de forma mais segura, preços acessíveis para as operadoras e pacientes, possibilidade de prover cuidados intermediários, e concentrar nos hospitais terciários e quaternários os pacientes agudos, que necessitam dos cuidados mais complexos”, explica Juliana.  

Um grande diferencial dessas instituições, é a possibilidade de perfilização e personalização de cuidado, colocando como prioritária a experiência do paciente e da família. Isso permite uma segregação e individualização do cuidado que auxiliam na redução de custos, na melhora de performance das equipes assistenciais, na gestão do uso de materiais e medicamentos, bem como as contratualizações e fechamento de pacotes com as operadoras e famílias, visto o tempo do tratamento.

“O intuito é que o hospital, no futuro, não seja mais importante que o investimento em prevenção, em um estilo de vida mais saudável e o cuidado com a saúde integral. Essa possibilidade de continuidade de cuidado auxilia quando indicada no momento correto e para o paciente adequado, consegue entregar valor em saúde para o paciente e para a comunidade”, reforça.  

Sobre os critérios de transferência dos pacientes para as unidades de transição, Leandro Lago, Gerente de Práticas Médicas BP-Paulista, ressalta que com o avanço da cultura de desospitalização, as instituições estão visualizando a necessidade de definir o momento adequado da transferência. Assim como, globalmente, estudando o fator de segurança da informação dos pacientes que transitam em diferentes setores de saúde, sendo esta uma questão importante e delicada.

De acordo com ele, quando se pensa no lead time do paciente durante seu processo de internação, pode-se apresentar dois cenários distintos. O primeiro está relacionado com o paciente crônico, com alta demanda, que apresentou reagudização ou piora da funcionalidade. O foco do plano terapêutico deve ser definido no momento zero da internação, pois a condição basal do paciente, muitas vezes já bem conhecida, não sofrerá grandes alterações.

O segundo cenário apresenta-se para paciente com condição aguda nova, a qual não se consegue visualizar uma previsibilidade do quão funcional este paciente manter-se-á. “Esta última é muito mais desafiadora, tendo em vista que o desfecho é totalmente heterogêneo. Porém, se as expectativas e as comunicações com familiares e equipes forem sempre claras e assertivas, as chances de um desfecho salutar são bem maiores”, explica. 

Na BP, além dos critérios já acordados com algumas operadoras, são considerados critérios financeiros, sociais e de possíveis mudanças da funcionalidade do doente com novas demandas de cuidado. “Para construir um cenário ideal, algumas condições seriam imprescindíveis, tais como: continuidade do cuidado garantido na clínica de transição, monitoramento e compartilhamento de indicadores de melhoria, redução das reinternações e aferição de métricas relacionadas à qualidade de vida. Dessa forma, é possível mapear, completamente, a linha de cuidados do paciente”, finaliza Lago.

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Hospitais e clínicas de transição começam a conquistar espaço no Brasil
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Benefícios têm sido percebidos não só em âmbito governamental mas também pelas instituições de saúde de alta complexidade. Para a Beneficência Portuguesa de São Paulo, por exemplo, a perfilização e personalização de cuidado, colocando como prioritária a experiência do paciente e da família, emergem como grandes diferenciais, colocando o paciente certo, no lugar correto, no momento certo

Os hospitais e clínicas de transição são componentes importantes do sistema de saúde, desempenhando um papel importante na desospitalização, fornecendo cuidados contínuos e monitoramento de pacientes após a alta hospitalar, reduzindo o tempo de permanência no hospital e prevenindo readmissões hospitalares desnecessárias. Eles são essenciais para ajudar os pacientes a se recuperarem completamente de uma doença ou lesão e a fazer a transição para um ambiente de cuidados menos intensivo com segurança e eficácia.

O modelo de hospitais de transição no Brasil ainda é relativamente novo e está em fase de desenvolvimento. No entanto, existem algumas iniciativas em andamento que visam fomentar o seu desenvolvimento.  Inclusive, o  objetivo da Associação Brasileira de Hospitais e Clínicas de Transição (ABRAHCT)  é ampliar a visibilidade e evidenciar os benefícios dos hospitais de transição tanto para os pacientes como para garantir a sustentabilidade do ecossistema.

Segundo Frederico Berardo, presidente da ABRAHCT, hoje, a principal barreira para o crescimento do mercado é o desconhecimento da comunidade e do próprio sistema de saúde sobre o papel que essas instituições desempenham. No entanto, independentemente da sua função, os ganhos proporcionados por um hospital de transição impactam tanto os pacientes quanto o sistema de saúde. Ele ajuda a tratar os pacientes com toda a qualidade e com todos os recursos necessários, evitando que se mantenham internados em um hospital de alta complexidade, sem real necessidade.

“Quando o assunto é saúde, o Brasil enfrenta muitos desafios para garantir, ao mesmo tempo, equidade de acesso, qualidade, equilíbrio de custos e menos desperdício de recursos. Aliás, poucas indústrias têm tanto desperdício quanto a saúde. Os hospitais de transição emergem como uma excelente opção nesse sentido, ocupando um espaço importante na plataforma de serviços de saúde”, ressalta. 

Atualmente, o Ministério da Saúde brasileiro reconhece a importância dos hospitais de transição e está investindo em programas para expandir o número de hospitais de transição em todo o país. Além disso, algumas cidades brasileiras já possuem instituições de alta complexidade apoiando as iniciativas e enxergando os benefícios e a alta qualidade dos serviços prestados, na prática. 

A BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo é uma delas. Como um hub de saúde, sua visão de futuro da BP está relacionada com saúde plena e bem-estar para todos. Desta forma, desenvolve iniciativas pautadas em promover e oferecer serviços multidisciplinares com foco nos 4Ps: prevenção, predição, participação e personalização. São mais de 160 anos inovando  para alcançar o cuidado integral de excelência nas diferentes etapas da vida.

Segundo Juliana Correia, Gerência de Práticas Médicas – NAPA da BP, na pandemia da COVID-19 ficou evidente o benefício de reabilitação precoce e personalizada em pacientes acometidos pelo vírus. Observou-se um declínio funcional de forma acentuada nos pacientes jovens e nos que já possuíam uma morbidade mais crônica e os hospitais e clínicas de transição foram percebidos como locais preparados para darem continuidade ao cuidado, devido à assistência ofertada.

“O advento dos hospitais e clínicas de transição chegou em um momento do início do declínio da cultura hospitalocêntrica. Essas modalidades intermediárias trazem consigo um alento em relação a alguns itens, como a transição de cuidados de forma mais segura, preços acessíveis para as operadoras e pacientes, possibilidade de prover cuidados intermediários, e concentrar nos hospitais terciários e quaternários os pacientes agudos, que necessitam dos cuidados mais complexos”, explica Juliana.  

Um grande diferencial dessas instituições, é a possibilidade de perfilização e personalização de cuidado, colocando como prioritária a experiência do paciente e da família. Isso permite uma segregação e individualização do cuidado que auxiliam na redução de custos, na melhora de performance das equipes assistenciais, na gestão do uso de materiais e medicamentos, bem como as contratualizações e fechamento de pacotes com as operadoras e famílias, visto o tempo do tratamento.

“O intuito é que o hospital, no futuro, não seja mais importante que o investimento em prevenção, em um estilo de vida mais saudável e o cuidado com a saúde integral. Essa possibilidade de continuidade de cuidado auxilia quando indicada no momento correto e para o paciente adequado, consegue entregar valor em saúde para o paciente e para a comunidade”, reforça.  

Sobre os critérios de transferência dos pacientes para as unidades de transição, Leandro Lago, Gerente de Práticas Médicas BP-Paulista, ressalta que com o avanço da cultura de desospitalização, as instituições estão visualizando a necessidade de definir o momento adequado da transferência. Assim como, globalmente, estudando o fator de segurança da informação dos pacientes que transitam em diferentes setores de saúde, sendo esta uma questão importante e delicada.

De acordo com ele, quando se pensa no lead time do paciente durante seu processo de internação, pode-se apresentar dois cenários distintos. O primeiro está relacionado com o paciente crônico, com alta demanda, que apresentou reagudização ou piora da funcionalidade. O foco do plano terapêutico deve ser definido no momento zero da internação, pois a condição basal do paciente, muitas vezes já bem conhecida, não sofrerá grandes alterações.

O segundo cenário apresenta-se para paciente com condição aguda nova, a qual não se consegue visualizar uma previsibilidade do quão funcional este paciente manter-se-á. “Esta última é muito mais desafiadora, tendo em vista que o desfecho é totalmente heterogêneo. Porém, se as expectativas e as comunicações com familiares e equipes forem sempre claras e assertivas, as chances de um desfecho salutar são bem maiores”, explica. 

Na BP, além dos critérios já acordados com algumas operadoras, são considerados critérios financeiros, sociais e de possíveis mudanças da funcionalidade do doente com novas demandas de cuidado. “Para construir um cenário ideal, algumas condições seriam imprescindíveis, tais como: continuidade do cuidado garantido na clínica de transição, monitoramento e compartilhamento de indicadores de melhoria, redução das reinternações e aferição de métricas relacionadas à qualidade de vida. Dessa forma, é possível mapear, completamente, a linha de cuidados do paciente”, finaliza Lago.